quinta-feira, 19 de abril de 2012

O aborto dos anencéfalos

Supremo Tribunal Federal



Quando estou apoquentada ou com problemas que me impedem de escrever coisas novas, para não deixar meus leitores com crise de abstinência, eu sempre recorro ao que escrevi, embora tenha vontade, igual ao Fernando Henrique, certa horas, de dizer que “esqueçam o que eu escrevi.

Não é este o caso no momento e quando encontrei um texto meu escrito em 18 de outubro de 2010, para quem não se lembra, quando estávamos no auge da campanha entre o Zé Serra e a Dilma, para as eleições, onde o primeiro foi defenestrado e agora se resignou a acabar com sua vida política, sendo prefeito de São Paulo. Não vou reproduzir o meu texto todo (se quiserem vejam aqui), pois tem muitas coisas que não vem mais ao caso. Reproduzo apenas o seguinte:

O Jodeval aceitou Jesus?

APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS é o título de um planfeto que foi recolhido de uma gráfica em São Paulo, por ordem do Ministro Henrique Neves do TSE. Abaixo eu reproduzo uma matéria do Reinaldo Azevedo, que alguém parecido com um petista, diz representar o que há de pior no jornalismo brasileiro. Eu não entendo muito de jornalismo. Se entendo um pouco é de liberdade de expressão, de consciência e de crença.

Repito mais do que a Dilma repetiu ontem a frase “no que se refere a...”, ontem no debate que assisti e depois escrevo sobre, que não sou contra o aborto em determinadas circunstâncias. Por isso, a minha Santa Madre Igreja, só falta me colocar na fogueira, e já fui indicada ao inferno muitas vezes. O documento ou panfleto é uma tentativa de condenar aqueles que, como eu, são a favor do aborto, elaborado por um grupo de católicos que tem todo o direito de se manifestar contra, como eu e a Dilma, nos manifestamos a favor (pelo menos antes de sua conversão). Então pode até parecer que estou fazendo propaganda contra as minhas ideias, divulgar panfletos como este. Não, senhores. Eu não aceitei as ideias nele contidas, in totum, mas defendo o direito, até a morte, dentro da lei, dos bispos opinarem.

Aliás, o que estou fazendo, talvez se pareça com o que Jodeval fez ontem ao publicar um texto, de um grupo de cristãos, com o sugestivo título de “Se nos calarmos, até as pedras gritarão!” E não é por isso que o Jodeval aceitou Jesus. Pelo menos, penso que não e desejo que sim. E se foi o seu amor pela Dilma que o fez vir para a fé, só temos a agradecer a Deus por isso, “e num segundo momento” agradecer a Dilma. Mas, eu sei que ele se equilibra nesta questão. Desequilibrado é o meu ateu preferido, o Cleómenes Oliveira.

Vejam que minha implicância com as posições políticas do Jodeval não é de hoje. Mas, naquela época eu não sabia que seria proibida de publicar na A GAZETA por causa delas. O que fazer, se o nosso grande jornalista ainda ama a Dilma, e agora eu sei, ama mais do que o Lupi?

Mas, o motivo da publicação do texto é a questão espinhosa sobre descriminalização do aborto, que eu gostaria, como católica (embora não ovelha) praticante, de dar minha opinião, neste momento em que o STF julgou legal o aborto, no caso de feto anencefálico.

O cerne do problema é quando começa a vida: No ato da concepção ou depois dela, e neste último caso, quando? Se pensarmos bem, e usar um pouco de jocosidade para amenizar a dureza do assunto, penso que há gente, que ainda não começou a viver, mesmo que já tenha mais de 60 anos.

No entanto, temos que ser sérios com o assunto. Sou católica e principalmente cristã e acho que a vida começa na concepção. E tudo que se fizer a partir daí contra o feto, estará mexendo com sua vida. Acredito que é ali que já temos uma alma e que apenas se desenvolverá em seu meio. Então como alguém que pensa assim pode ser a favor do aborto? Eu fico encafifada com isto e devo tornar claras minhas posições.

Primeiro, temos que admitir que a religião é apenas um dos pontos de apoio que devemos ter para decidir sobre nossas vidas e sobre as dos outros. Se não fizermos isto passaremos a defender sempre as guerras santas para impor nossas crenças sobre as dos outros. E por mais que meu confessor já tenha cansado a voz me dando penitência, eu ainda sou a favor do aborto em certos casos.

Segundo, o conhecimento científico avançou tanto que não nos permite mais descrer que hoje, mais do que ontem, se tem condições de descobrir quando uma alma já está realmente pronta para adentrar ao mundo e ser considerada realmente uma vida. Ora, dirão os absolutistas: Uma vida é um vida, é um vida.... Justo, muito justo e até justíssimo. Mas, que vida? Será que alguém sem cérebro realmente terá vida? E voltamos ao ovo...

Terceiro, temos os aspectos legais que envolvem nossa vida em sociedade, e que por definição é mundana, e até Jesus descobriu isto com seu sofrimento para nos salvar. O dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, pode até ser aplicado aqui. Quem deve decidir se a alma de alguém sem cérebro fica com César ou se vai para Deus é a mãe desta alma, e ninguém mais. E nisto a decisão do STF foi sábia.

No entanto, ainda não posso admitir, sob pena de defender o assassinato que este princípio seja generalizado. Não posso admitir que uma mãe, entregue uma vida a Deus, porque não soube se portar diante das coisas de César, e não quer que sua criança sofra ou por outro motivo não considerado e bastante discutido. Mesmo casos legais, onde haja estupro e sua vida corra perigo, ainda há que haver bastante discussão de cada caso.

Quarto, há o problema de que o aborto, no Brasil, se tornou um caso de saúde pública e que é calamitoso principalmente para as classes mais pobres. Neste caso, a solução não é mais descriminalização, e sim mais religião, em geral, e em particular a intervenção de nossos padres e pastores no sentido de resolver os casos específicos, ao invés de ficarem blasfemando contra a escuridão. Muitas vezes o poder do perdão é mais efetivo do que o poder da lei, e, neste caso do aborto, eu fico com o perdão, na maioria dos casos.

O grande problema é que o Estado moderno, da maneira como foi construído, não perdoa. Temos um Estado laico o qual é proibido de pedir perdão. Nós cristãos é que temos a missão divina de nos aproximar do Estado, sem pervertê-lo em sua laicidade , e pedirmos perdão por ele.

Um comentário:

  1. AS POSIÇÕES POLÍTICAS DO JODEVAL DUARTE SÃO AS MESMAS DO MARLOS DUARTE: ALÉM DA PROMISCUIDADE IDEOLÓGICA EM QUE VIVEM, ELES SE DELICIAM COM A EXUBERÂNCIA DO ORGASMO/STALINISTA/CASTRISTA PRA GOVERNADOR DE PERNAMBUCO NENHUM BOTAR DEFEITO!!!

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