quinta-feira, 22 de março de 2012

A existência de Jesus e outros pontos



Anteontem escrevi sobre a oportunidade ou não de termos crucifixos nos tribunais e também noutros lugares públicos (vejam aqui). Recebi um comentário, como sempre bem escrito e de profundo teor do conterrâneo Roberto Lira. Eu já agradeci o comentário lá e disse que o meu tempo era um pouco curto para servir a dois senhores, em termos de temas para escrever: a religião e a política. Se não leram o texto principal, clique no link acima para lê-lo e também ao comentário do conterrâneo que transcrevo abaixo, voltando em seguida para tentar salvá-lo das brasas infernais.

“Conterrânea LP, boas tardes!

É verdade que estou meio sumido. Para ser mais preciso, estou sumindo aos pouco para deixar algum vestígio nesse mundo louco (essa é outra historia).

Lucinha eu também recebi o email enviado pelo conterrâneo Valfrido, que trata do texto Tempos apocalípticos do Paulo Brossard. E, para não sumir sem deixar um pouco do meu rasto eu o respondi agradecendo pelo email e ao mesmo tempo me desculpando pelas dúvidas que levanto sobre o fato em que se baseia o Paulo Brossard para escrever o referido texto.

Em um trecho da minha resposta para o Valfrido eu assim manifestei:
“... a opinião do grande jurista Paulo Brossard, se baseada numa verdade histórica, com certeza é muito pertinente. A dúvida que até hoje eu carrego é se, de fato, essa história do Cristo é verdadeira. Há muito venho procurando evidências da existência do referido personagem e até o momento não encontrei nada que tenha evidenciado essa verdade. Se pesquisarmos na historia da humanidade entre os principais inspiradores/fundadores de religiões e/ou doutrinas filosóficas mais difundidas, tais como: Cristo no cristianismo, Buda (Sidharta Gautama) no budismo; Maomé no islamismo; Confúcio no confucionismo, entre outros; encontraremos algumas dúvidas quanto à existência dos mesmos. Ou melhor, dos ora citados apenas o inspirador da religião cristã é o único que se questiona sua real existência. Isso, no meio historial, que busca evidências para comprovar os fatos históricos. Os demais há provas irrefutáveis das suas existências. Por isso, meu questionamento sobre a pertinência da manifestação do Brossard.”...

Quanto ao seu texto vou fazer uma breve observação sobre a frase: “No entanto, a abertura de todos diante dos valores religiosos de todos, que me desculpem os amigos ateus e agnósticos, é um caminho para verdadeira paz, neste mundo, porque no outro seremos recebidos pelo mesmo Deus, que único.”. Como amigo, como agnóstico, como conterrâneo, você merece todas as desculpas. Nem precisava nem pedi-las, ESTÁS DESCULPADA. Apesar de desculpável, está sua frase carece de respaldo histórico. Nas minhas observações eu tenho visto as religiões como as principais propulsoras das guerras em toda a História da Humanidade. Sinto sinceramente Lucinha não concordar com você. As religiões não promovem a paz, elas colocam os homens uns contra os outros, uma fé contra a outra e isso em todos os tempos e em todas as partes. Isso é um fato incontestável. O discurso de paz dos representantes das religiões é só para fazer proselitismo. A possível paz entre os homens não está nos símbolos, não está nos livros sagrados, não está nos rituais de nenhuma religião. Ela só poderá surgir quando o homem compreender sua própria essência, ou seja, quando ele descobrir a unicidade da sua espécie, a Unicidade de Deus, enfim, a unicidade da vida. Mas, lamentavelmente, são poucos os que realmente desejam a paz entre os homens.

Vamos deixar essas bobagens prá lá. Vamos nos concentrar na próxima novela da “Grobo” (kkkkk), pois nesta o que não dá pra rir dá pra chorar.

Abração, tô suminnnnnnnndo!

Roberto Lira”

Foi auspicioso saber que o conterrâneo Valfrido Curvelo, que me parece ser católico, pelo menos por algumas fotos que vi dele junto ao Padre Nelson, ande espalhando seus inteligentes e-mails com pessoas de várias crenças e até sem crença nenhuma como o Roberto. E já disse várias vezes, o conhecendo apenas pelos debates com o Cleómenes Oliveira, que este é, talvez o seu único defeito. No entanto, como eu aprendi a conviver com o Oliveira que era muito mais defeituoso do que o Roberto neste campo, nunca brigaremos ao ponto de nos separar.

Continuando minha leitura do seu comentário, encontro a questão muito séria sobre a existência histórica de Jesus. Eu penso até que já escrevi sobre isto um pouco, mas, não estou com tempo de ir pesquisar minhas obras (que breve devem ser transformadas em patrimônio cultural de Bom Conselho, em mais um pleito do vereador Carlos Alberto), para ver o que escrevi.

O que penso é que evidência histórica é algo tão relativo que a questão parece até ser falsa. Será que Hitler morreu? E o Elvis? Quem assassinou John Kennedy? Era o nariz de Cleópatra grande ou pequeno? E Saddam Hussein morreu ou era apenas um sósia que foi enforcado em seu lugar? E o Tiradentes, foi enforcado mesmo ou foi tudo uma farsa, como dizem alguns historiadores? Será que o Santos Dumont inventou mesmo o avião ou, como diz meu historiador favorito, o Leandro Nardoch (que o Altamir Pinheiro, o Guerrilheiro das Sete Colinas, odeia porque ele me ajudou a tirar a estrela de sua boina guevariana), que tudo não passou de invenção?

 E assim por diante. Diante disto eu me lembro daquele quadro da Escolinha do Professor Raimundo com o Rolando Lero (penso que era este), quando o professor perguntasse quem foi Jesus, ele perguntaria por uma foto dele morrendo na cruz, além da lança que o soldado romano cravou em seu peito. Mas, penso, que mesmo diante da negativa sobre a existência destes objetos, a observação do Paulo Brossard seria pertinente, pois seria ainda uma história de injustiça plausível de ter acontecido.

E eu ainda continuaria dizendo que deveríamos ter o crucifixo na cruz pelo que a história de Jesus representa, da mesma forma como acho saudável que nas escolas se exponham imagem dos personagens de histórias infantis, mesmo sabendo que eles não existiram, mas geram bons valores para nossas crianças. E como o Brasil todo, ou quase todo acredita que Jesus realmente existiu como homem e que foi injustiçado, nada melhor do que sua história para fazer o mesmo (difundir bons valores) no tribunal. E talvez em todas as repartições públicas, para mostrar que , mesmo que Jesus tenha morrido entre dois ladrões, ele nunca usou de tal prática, então pelo menos respeitem o entorno da cruz, o que não vem acontecendo nos últimos tempos.

Quanto à frase que o Roberto cita sendo de minha lavra eu a confirmo, embora ele não tenha citado tudo que escrevi que foi o seguinte: “Eu sei que por causa da tentativa de se mostrar que “nossa” religião é a verdadeira, muita gente já morreu em guerras e ainda morre, e que está longe desta união em torno de Deus. No entanto, a abertura de todos diante dos valores religiosos de todos, que me desculpem os amigos ateus e agnósticos, é um caminho para verdadeira paz, neste mundo, porque no outro seremos recebidos pelo mesmo Deus, que único.”

Ora, se só lermos a frase em negrito, sem dizer o que penso da “abertura de todos diante dos valores religiosos”, é muito fácil dizer o que o Roberto falou de que as religiões sempre brigaram umas com as outras, por se acharem, cada uma, a verdadeira, e é o que eu digo na frase inicial. É a tentativa muito moderna por sinal, em direção do ecumenismo que eu proponho na frase seguinte, ou seja, talvez o que o Roberto chama de a “Unicidade de Deus”, no qual o judaísmo foi o pioneiro, e aí teremos uma só religião e um só Deus, que para mim ainda é o Deus de Isaac, de Davi e de Jacob dentro da Igreja do seu filho unigênito, que foi oferecido para fosse injustiçado mas pudesse salvar a humanidade do pecado e de suas consequências.

Eu sei que é muito difícil a salvação de um agnóstico ou de um ateu, embora seja mais fácil quando eles são da qualidade do Oliveira e do Roberto, mas, continuo rezando por eles para sua conversão. Dizem que São Paulo era muito pior, apesar de jogar tênis. Não suma Roberto, Deus está lhe vendo, como espero que esteja vendo o Cleómenes lá pela Amazônia.

3 comentários:

  1. PARABÉNS LUCINHA, OUSO COMENTAR QUE O NOSSO BOM DEUS É O PAI SUPREMO DE TODOS;CRISTÃOS,AGNÓSTICOS,ATEUS, AFINAL ELE NÃO TEM ENTEADOS.COM TODO RESPEITO A QUEM NÃO CRER OU NÃO QUER, DEVO DIZER QUE NO AR QUE RESPIRAMOS,NAS PLANTAS,NO SORRISO DA CRIANÇA,EM NOSSO SEMELHANTE ESTÁ A PRESENÇA DE DEUS.E JESUS É ESPECIAL PARA TODOS NÓS.AONDE HOUVER DUAS OU MAIS PESSOAS UNIDAS EM SEU NOME,ELE ESTARÁ PRESENTE.

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  2. Conterrânea Lucinha, boas tardes!

    Para ser coerente com o que já escrevi alhures (http://www.citltda.com/2010/07/conhecimento-crencas-e-opinioes.html), onde prometia não cometer mais o erro de polemizar sobre opiniões formadas pela lógica mística ou pela lógica afetiva, vou tentar corrigir minha falta de clareza no último comentário que fiz no seu blog,sem incitar polêmicas, beleza?

    Como diria o poeta Jorge Benjor: Take it easy... take it easy my friend Lucinha (e por extensão ao amigo Saul)!

    Lucinha, ainda bem que você só me conhece pelos debates com o Cleómenes Oliveira. Desse modo, eu não fico livre do “fogão de Dante”, mas fico livro de você conhecer todos os outros meus defeitos. Entre estes destaco que procuro respeitar os crentes (todos), mas não as crenças.

    Quanto à relatividade das evidências históricas excetuadas suas jocosidades (eu, como um jocoso persistente, as adoro) você tem razão nas suas considerações. Mesmo assim eu vou continuar “rolando meu lero”, sempre que a oportunidade surgir.

    Relativo ao símbolo em questão (o crucifixo) mesmo não lhe fazendo reverência, respeito quem as faz e jamais faria uma cruzada para retirá-lo de qualquer local.

    Conterrânea LP me desculpe por ter feito uma citação incompleta da sua manifestação. Reconheço que a incompletude de uma citação pode descontextualizar ou desnaturar a ideia que se pretende manifestar.
    Quanto a minha manifestação sobre “Unicidade” da espécie humana, de Deus, da vida, eu quis dar a ideia de que todas essas coisas são indivisíveis (uno). Que toda a Vida é uma totalidade indivisível. Desse modo, é a mente humana que equivocadamente faz a divisão, mas deixemos essa reflexão para outra oportunidade. Mesmo sabendo que a “salvação” de um agnóstico convicto é difícil, eu não recorreria a “Unicidade de Deus” manifestada pelo judaísmo para procurar a “salvação”.

    LP, take it easy. Eu não sumirei da blogosfera de uma vez, sumirei aos pouquinhos e deixando rasto. Se Deus nos está olhando (eu diria: incorporando) sempre haverá um vestígio desta célula que ora escreve. Penso que o Saul, meu amigo de infância e juventude, se aproxima dos meus conceitos sobre Ele quando manifesta que: “NO AR QUE RESPIRAMOS, NAS PLANTAS, NO SORRISO DA CRIANÇA, EM NOSSO SEMELHANTE ESTÁ A PRESENÇA DE DEUS...”. É isso Saul, o Deus que minha mente é capaz de conceber está presente em tudo e em todos. Isso para mim e “Unicidade” ou “Uno”.

    Abração Lucinha, abração Saul,

    Roberto Lira.

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    1. Caro Roberto,

      Já há algum tempo quero se agradecer os comentários outra vez mas o tempo está curto. Só digo que não suma. Veja Avenida Brasil que tenho certeza será melhor do que a Grossa Estampa do Crô, pois pior será impossível. E quanto aos assuntos não mundanos, continuo rezando para que o meu Deus que é o único, embora ainda nem todos percebam, agilize sua conversão.

      Um abraço

      Lucinha Peixoto

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