domingo, 22 de janeiro de 2012

O PV da aldeia de Bom Conselho (*)




Hoje, logo ao acordar, fui ao Blog do Poeta. Ele continua fingindo que não me ler. Aliás, a dupla formada por ele e o Sr. Ccsta tem os mesmos hábitos: fingem, que é uma beleza! Eu sei que ele, o Poeta, ainda deve estar pensando, porque uma mulher, mesmo com medo, não arreda o pé de suas convicções. Como também deve ser machista como seu comparsa, pensa que mulher é menos forte do que homem porque sente medo.

Muito pelo contrário, meu “Bardo de Arapiraca”. Joana D’Arc deve ter tido medo de ir para a fogueira, mas, não arredou o pé de sua fé, nem de suas convicções, enquanto alguns homens podem se borrar nas calças quando sentem medo. E eu, mesmo recolhida e sem o direito livre de ir e vir, continuarei a desmistificar àqueles que querem dar o passo maior do que a perna a custa do povo de nossa cidade. Vivo mais reclusa agora, mas, também, mais fervente.

Entretanto, devo reconhecer que  o Blog do Poeta é útil quando ele não comete nenhuma de suas opiniões, ou seja, quando ele apenas informa, ou publica coisas dos outros. A postagem que vi hoje e que comento, até com saudade é um texto enviado ao Blog do Poeta pelo José Roberto Pereira, que é o Secretário de Organização e Comunicação (eu não sei porque ele não envia aos outros blogs também, talvez, ainda se engane de que o Blog do Poeta é o mais lido em Bom Conselho pelo número de acessos; aos políticos eu informo que eleitor de Palmeira dos Índios e adjascência não vota em Bom Conselho, e nem liga para o PV de Bom Conselho).

Vejam a nota e eu voltarei depois, espero que tão verde quanto estou agora:


“Partido Verde Em Bom Conselho.

”É da Paróquia que se conserta o Universo”
Tolstoi.

O Partido Verde renasce em Bom Conselho com firme propósito de travar os necessários embates democráticos fundados na busca pela permanente melhoria da qualidade de vida de sua população. Nossa Terra é habitada por um povo trabalhador, bom, e ordeiro. Tem solo de primeira qualidade, forrado de mata, agreste, e sertão. Dispõe de boas águas com abundância, ainda. Polo regional fronteiriço. Distando, em média, menos de 200 km dos portos de Recife/Suape/Maceió, e de dois aeroportos. Maior potencial de agropecuária, destacadamente, na produção de lácteos, no Norte e Nordeste brasileiros. Dai muito a ser feito, e a ganhar fazendo. Ganhos para todos.

Merece, portanto, a antiga Sesmaria dos Vilelas, ressurgir neste milênio, como modelo de Comunidade Interiorana produtora, consumidora, e exportadora de bens, produtos e serviços adequados à preservação e exploração sustentável do meio-ambiente globalmente considerado, priorizando suas necessidades internas. Bastante, pois, esta brava e ordeira gente, - quem mais legitimado á nobilíssima tarefa?, assumir a guarda plena do nosso Território, tradições, e frutos - a nós ofertados pela generosidade do Altíssimo.

Feito isto, é tratar da conscientização, organização e mobilização da população local rumo ao planejamento autossustentável e radicalmente democrático.

O Projeto Bom Conselho!

Assim sendo, o Partido Verde intenta ser humilde, porém, altivo instrumento semeador de tal frutuoso porvir. Para que todos, sejamos beneficiários dele.

Avante, Bom Conselho!

Comissão Executiva Partido Verde - Bom Conselho.
José Arnaldo Amaral - Presidente.
Nárrima Soares Amaral- Vice-presidente.
José Roberto Pereira- Secretário de Organização e Comunicação.
Nena Duarte - Secretária de Administração e Finanças.
Álvaro Gomes da Silva - Secretário de Trabalho e Produção.
Francisco Alexandre Ferreira Piúta - Secretário de Relações Institucionais.
Emanuel Tenório Luna - Secretário de Planejamento e Gestão.
TEXTO ENVIADO POR:
JOSÉ ROBERTO PEREIRA”

Eu começo pelas coisas mais sérias em relação ao PV em escala mundial. E como a primeira frase do manifesto remete a Tolstoi, que dizia se quiséssemos mudar o mundo começássemos por nossa aldeia, eu começo ao contrário, para ver se funciona mudar nossa aldeia falando do mundo.

Eu participei do PV aqui em minha segunda aldeia, o Recife, e não consegui mudar em nada o mundo, porque a ideologia do partido é muito maleável. Ou seja, ela se amolda a qualquer outra ideologia desde que ela siga o verde, ou pelo menos finja que segue como acontece aqui em Pernambuco. Lembram dos 15 pontos que o Eduardo prometeu ao PV, e que só cumpriu um deles que foi não usar lente de contacto porque a única coisa que ele tem de verde são os olhos? Eu, gostaria que não fosse assim, eu queria vestir verde, mas gostaria de meter o bedelho também no modelo do vestido. Não deu certo e tive que sair. E não saí sozinha. Hoje, por esta capacidade de se amoldar aos vários espectros ideológicos, há um dissidente que pode até ser prefeito do Recife. Espero que ele continue verde.

Voltando à minha primeira aldeia, Bom Conselho, e ao manifesto. Eu sempre li a mídia eletrônica de Bom Conselho, desde que o Saulo ainda era menino e nos deixava escrever livremente no Mural do SBC, e ainda o Alexandre Tenório, já escrevi a Tenda do Zé Bias, por lá. E me lembro de alguns textos do José Arnaldo, e como ele gostava de Tolstoi. A mudança ideológica dele foi tão radical quanto a democracia que o manifesto prevê, e penso, mudou para melhor (aliás, eu não entendi o que é ser “radicalmente” democrático). Penso até que o manifesto foi feito a quatro ou oito mãos e há as mãos dele no meio.

E fora o radicalismo da democracia, que não entendi, e do solo de primeira qualidade que me disseram que está acabando com o desmatamento para criar boi e vender o leite para Brasil Foods, o resto é típico de um manifesto do PV, em qualquer lugar do mundo.

O que eu observo é a composição da comissão executiva e seus desdobramentos políticos. Primeiramente, sua qualidade, em termos políticos, é tão boa, que me deu uma sensação de “muito cacique prá pouco índio”. Isto é um julgamento de longe como todas as minhas análises, embora elass acertem mais do que as do Dr. Filhinho que vive debaixo das saias do poder. E já aviso logo àqueles que professam a crença de que é preciso estar perto para ver melhor, que isto é bobagem, e se acham que eu estou errada me consertem. Se não tiverem blogs ou meios de comunicação para fazê-lo, meu blog está sempre às ordens para os bom-conselhenses de boa vontade com a terra. (Aliás, alguns partidos já tem blogs locais, por que o PV não tem um, a não ser que tenha e eu sempre a burrona, estou mal informada?)

Eu adoraria saber qual a posição do PV em relação ao “governo do povo dançante”. Pelo que eu consegui captar daqui, o partido já nasceu no poder, fazendo o seu supersecretário, o Emanuel Luna. Ou ele saiu do partido? Qual é a posição do PV diante da candidatura da Mamãe Juju, já tão bem posta por ela própria? Ou, como eu penso, os partido políticos em Bom Conselho, só servem mesmo para cumprir os ritos legais, como eu tento argumentar nos parágrafos seguintes?

Eu poderia ir pesquisar mas estou sem muito tempo e também não é tão importante para o argumento. Mas, hoje em Bom Conselho já temos mais de 20 partidos, que pelos estatutos vão da estrema esquerda até a centro-esquerda, batendo no limiar da direita (no Brasil não temos mais partidos de direita porque seriam chamados de reacionários, e hoje eu não sei de que reação estão falando, pois revolução em marcha só temos a cubana e a chinesa para sair da esquerda), mas na prática, todos só tem uma ideologia: o poder.

E não me perguntem nem contestem dizendo que isto também ocorre noutros municípios, que eu concordo, mas, estou apenas tratando de minha aldeia com a esperança de mudar o mundo, esperando que o Tolstoi esteja certo, é claro. Eu apenas constato que é assim. A intenção, tão boa, que não merecia ir para o inferno de disseminar uma cultura ecológica (meu Deus, não me digam que o João Nelson é do PSB e que o CAJOC está apoiando uma usina atômica no Bulandi, como meta principal, para Bom Conselho, do PV estadual, em honra ao governo Eduardo), parece já nascer com seus dias contados, pelo que ouço falar que a única coisa que conta é fazer vereadores e prefeitos.

E em nossa política municipal é isto que conta. É a “realpolitik” em seu mais extremado grau. E quem sou eu para discordar disto? Partido político com ideologia definida e praticante em Bom Conselho, está muito longe de existir dentro de nossa legislação partidária que só burocratiza nossa política. Eu gostaria de participar da política da terra e também sonhar com os cargos. Mas, imaginem eu ainda no PV, indo a Bom Conselho com uma proposta de reflorestamento de nossas fazenda, já arrasadas ecologicamente pelos bois, ou eu no PSB, propondo uma repartição de terras para que todos (como quer a presidenta) sejamos classe média, nivelando as classes sociais. Ou mesmo sendo PSDB e tentando criar um estado de bem estar social na cidade, com o nosso FPM, e com nível de inadimplência do nosso IPTU.

Então eu prefiro a real “realpolitik”, e vou lutar para que possa concorrer nas próximas eleições pelo PLP (Partido da Lucinha Peixoto), da mesma forma que sei que o José Arnaldo deverá concorrer pelo PJA, o Piúta pelo PAP, o Renato Curvelo pelo PRC, a Mamãe Juju pelo PMJ, o Emanuel Luna pelo PEL, e até o Dr. Filhinho pelo PDFilhinho. E lá no executivo e no legislativo, tentar agir como o único partido que conta, o PBC (Partido de Bom Conselho), ao qual o Isaltino não é filiado.

Paro por aqui, que já comecei a sonhar, outra vez....
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(*) Este texto foi escrito semana passada, mas foi preterido por outros que achei mais importantes. Como não vi mudar nenhum fato novo daquele momento para hoje, pelo menos que possa mudá-lo um pouco, resolvi publicá-lo. Talvez devesse falar um pouco sobre a reunião no Clube do 30, da qual o Blog do Poeta publicou um relato, mas isto eu deixo para depois.

Um comentário:

  1. O desencanto que seu texto exprime, mesmo "salvo" há mais de semana, parece uma premonição do que se viu da festa promovida pelo PV em 21/01/2012.
    O grupo que está ai é o "Ilariê do século XXI", e pelo jeito com JUJU.

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