sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Vilma e os lençóis de Pernambuco




Meu marido queria porque queria viajar, ano passado. Expliquei e expliquei que não podia pois fazendo parte naquela época do Blog da CIT, simplesmente não poderia me ausentar sem uma razão plausível, como o fazia antes quando ele me comandava em quase tudo. Depois do meu grito de independência eu já não faço mais tudo que ele quer. Estou lembrando isto aqui porque ele queria ir para uns tais de “lençóis maranhenses”, que dizem ser a única coisa no Maranhão onde o Sarney não pôde colocar o nome da família.

E é sobre lençol que vou falar. Sim, aqueles mesmos que o porto do Coronel Eduardo vinha importando há muito tempo, com sua débil fiscalização, e que agora, depois da porta do Agreste têxtil arrombada ele quer dar uma de “machão”, passando uma tarde inteira para falar com o Cônsul Americano no Recife. Lá, pelo menos ele não teve 90% do votos e tomou seu chá de cadeira.

Ontem foi dia de faxina, o que lá em casa já chamamos de “dia da Vilma”, minha faxineira. Ela, penso, pela primeira vez, chegou logo falando, mesmo antes de mudar de roupa de ônibus para a roupa de trabalho. Ainda ofegante do trânsito do Recife, que ela atravessa a pé, foi dizendo:

- D. Lucinha de Deus! Estou tão triste. Eu tinha uns lençóis que comprei lá no centro da cidade e que eram uma maravilha, branquinhos, branquinhos. Eu lavava e eles já estavam quase pronto para usar, não precisava nem ferro. Um tecido tão bom! Quando eu comprei o tecido para fazê-los o vendedor disse maravilhas do tecido. Que era importado dos Estados Unidos e que era a última moda lá. Como o precinho estava bom, comprei uns três lençóis.

- Ôxente, Vilma, e por que a tristeza?!

- Dona Lucinha, quando eu comprei o vendedor me mostrou umas letras no pano, que eu não entendi bem o que era, só consegui entender “hospital”, tava lá “hospital” e eu não sou totalmente burra, eu sei ler isto, mas o resto eu não sabia o que significava mesmo conhecendo as letras. O vendedor disse que era a moda para os americanos, o lençol com letras. Aí eu perguntei porque o “hospital”? Ele disse que era inglês e “hospital” em inglês queria dizer “hóspede”. Era uma espécie de lençol para hóspede. Acreditei, comprei, paguei e usei na cama dos meninos e na minha durante muito tempo.

- Ainda não entendi porque a tristeza Vilma. Tu descobristes que “hospital” não quer dizer “hóspede” e ficastes triste por causa que o vendedor te enganou?

- Pior, Dona Lucinha, muito pior! Isto que a senhora falou eu só estou sabendo agora. É que ontem vi na TV que trouxeram uns lençóis dos hospitais americanos e venderam por aqui, e eu descobri que os meus são iguaizinhos. E dizem que eles tão tudo contaminado. Lá na comunidade tem um porção de gente que comprou dos mesmos lençóis e tá tudo com medo. A comadre Iracema, minha vizinha também comprou e nem eu nem ela usa mais aquilo. Eram tão bonzinhos os danados dos lençóis. Não sei o que é que eu faça, Dona Lucinha.

- Ah, Vilma agora estou entendendo. São os lençóis importados dos Estados Unidos, que disseram que era lixo hospitalar mas descobriram depois que era importação de panos para servir de matéria prima para o setor têxtil de Santa Cruz do Capibaribe. Dizem que o governador está um fera porque agora não vai mais poder falar mal dos “lençóis maranhenses”, pois o Sarney vai dizer que os “lençóis pernambucanos” estão contaminados. E tu já jogastes fora os lençóis, Vilma?

- Estão lá no quintal, eu é que não vou mais usar aquilo! E a senhora dizendo isto que é esta tal de “matéria prima” é que não vou usar mesmo.

- Não, Vilma, tu não deves fazer isto. Não tem mais micróbios neles, a não ser aqueles que eles pegaram lá mesmo em Nova Descoberta. Estão fazendo, depois de não terem cuidado da fiscalização, uma festa com isto para o governador aparecer, com fez com os mergulhos na praia para mostrar que ela era segura. Brevemente, ele vai aparecer enrolado num lençol igual ao que tem em tua casa. Deixa o lençol lá e pode ficar tranquila.

- Graças a Deus Dona Lucinha, o tecido é tão bom que dá até pena! Vou confiar na senhora e vou ficar usando. Olhe que a senhora pode perder um faxineira boa.

E lá se foi Vilma, com um ar de riso, para sua faxina diária, que eu sei que é de primeira. Penso que estou certa ao dizer que agora os lençóis não são mais perigosos para o uso normal. Mas, por via das dúvidas vou ver se o “forro do bolso” da calça jeans que comprei para o meu marido no último São João em Caruaru, tem alguma letra.

Mas continuo acreditando que, se não morreu ninguém até agora, depois de todo este tempo, os lençóis de Pernambuco só podem mesmo é matar o Coronel Eduardo, de raiva.

Um comentário:

  1. SENDO QUE O ELEITOR QUE SE PREZA SEMPRE SERÁ O TERMÔMETRO E NUNCA A FEBRE, E CONHECENDO MUITO BEM O PRONTUÁRIO ELEITORAL DE ‘”OI DE GATO”, SÓ TEMOS UMA DEDUÇÃO: ESSE ATO DE OPORTUNISMO E DE BARGANHAR EM CIMA DA INOCÊNCIA DA VILMA COM “V”, É PURO OPORTUNISMO. NA VERDADE ELE ESTÁ SENDO UM BIGUZEIRO... CUIDADO SENHOR CARONEIRO, CUIDE-SE PARA NÃO ENTRAR DE GAIATO NO NAVIO, COMO FEZ AQUI, EM GARANHUNS, QUANDO JÁ SE PERCEBE QUE SUA CREDIBILIDADE JÁ COMEÇOU A FAZER ÁGUA NA PROA...

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