domingo, 30 de outubro de 2011

O apedeuta e o câncer




Aqui estou em Gravatá sem conexão com o mundo, com um laptop quase morto. Volto-me para a TV e vejo: Lula com câncer. Já conhecendo a peça política, minha primeira reação foi pensar que seria mais uma jogada de marketing político para evitar que o associassem com as falcatruas do Ministério do Esporte. Santo Deus, como fui bandida! Ou, melhor dizendo, como Lula me faz bandida e como fez bandidos uma porção de gente neste país, pela sua complacência com os “malfeitos”.

Refeita de meus pensamentos poucos “católicos”, quando o vi sair um pouco abatido de uma biópsia, onde comprovara a existência do tumor maligno, me recompus e pus-me a procurar as notícias em canais diferentes, pois estou impossibilitada de usar o meu mais precioso instrumento hoje, que é a internet. Fiquei com vontade de pedir aos familiares que me levassem à cidade, numa “lan house” para me tornar completa novamente. Desisti, pois se lá fosse, talvez ficasse horas e horas, e além de ler os blogs e sites que gosto, fosse até votar na enquete da AGD, que vi seu lançamento, mas, ainda nem votei.

Eu penso que amanhã (ou hoje, não sei, pois se uma réstia de conexão aparecer eu publico hoje o que estou escrevendo) não faltarão as análises e estudos sobre a doença, igual foi feito na TV, e sua associação com a política que é ainda a profissão principal do Lula, pois a de palestrante é apenas um bico.

Associações serão feitas entre a doença e a vida privada do Lula, pois todos sabem, principalmente, depois do “piripaque” que ele teve em Recife tempos atrás, que Lula não vive uma vida que se pudesse dizer que era sem os pecados mortais da carne. Dizem que o “cara” fumava feito uma caipora, bebia feito gambá e, isso todos sabem, falava mais do que o homem da cobra. Assim, não tinha garganta que aguentasse, e, acacianamente, as consequências vem sempre depois.

Como cristã que sou, jamais eu desejaria que a garganta do Lula, mesmo tendo dito tantas besteiras, tivesse sofrido tanto ao ponto de criar um câncer. Eu hoje falo com muita facilidade esta palavra, mas, quando me lembro da minha infância em Bom Conselho, se os de minha geração lembrarem bem, ninguém nunca morreu lá de câncer. Isto porque, esta doença era tão mal vista, que ao acreditar que ela era apanágio daqueles que mereciam castigo, ninguém falava nem que morreu dela.

Evoluímos nesta matéria ao ponto de saber que nada da vida do Lula pode ter concorrido para o seu aparecimento em sua garganta. Talvez a doença seja apenas genética, e que se isso pudesse ser comprovado, eu garanto, como mulher que sou, que a origem deveria estar no beberrão do pai dele e não em D. Lindu, que igual a Mamãe Juju em Bom Conselho, também não teve culpa de ter o filho que teve, sem querer comparar o Dr. Filinho com o Lula, pois aí, pelo menos pela inteligência política eu preferiria o Lula. São os mistérios da nossa natureza que Deus ainda não deixou revelar.

Como ia dizendo, evoluímos nesta matéria de câncer, ao ponto dela ser hoje uma doença muito democrática, sem distinção de cor, sexo, idade ou mesmo filiação política. Está se tornando quase tão democrática quanto a gripe ou as hemorróidas. E para certos tipos dela, as chances de cura são muito altas. Embora isto já não seja tão democrático assim. Para um pobre isto não é verdade, pois ele terá o SUS como penitência, mas, para quem pode ir ao Sírio Libanês, o câncer hoje parece até um resfriado. Este é um dos grandes problemas brasileiros, igualdade no acesso à saúde. Colocaram milhões de brasileiros na classe C, mais eles continuam na classe E quando adoecem, e na classe Z quando tem câncer.

É óbvio que isto não se aplica ao Lula, e nem vamos usar sua doença para argumentar que ele deveria ir para o SUS,  pois isto seria desejar-lhe a morte, e isto nossa religião não permite fazê-lo. Apenas alertamos para o problema da doença e suas possibilidades de cura pela medicina moderna, a que ele tem acesso e eu, mesmo sendo da classe média, com um plano de saúde, pagando imposto dobrado, talvez não tivesse, mesmo sendo classe C antes do PT. E sei muito bem que o Oswaldo Cruz não chega a ser um Sírio Libanês, embora lá tenha ótimos profissionais. Precisamos melhorar muito ainda, e isto não passa somente pela demagogia de que a miséria vai ser erradicada, porque o pobre ganha uma “esmola” que o coloca na classe de não miseráveis, mas, não tem como curar um câncer, da mesma forma que tem os ricos.

Enfim, o que o Lula vai ter que enfrentar agora, e que já foi enfrentado por muitos já na classe A, por mérito ou por experteza, como o Lugo, o Chaves, a Dilma, o Gianecchine, e outros, é uma bela careca e um rosto de bebê. Tenho certeza que ele não usará uma peruca, pois ficaria ridículo, e, eu ainda iria além sugerindo a ele, já que a barba vai cair mesmo, não deixá-la mais crescer. Isto talvez fosse a influência revolucionária de sua doença na política, pelo menos, na política pernambucana. Vocês já pensaram todos os lulistas sem barba?! O Humberto Costa, ainda falando fino, mas com a carinha de bebê?! O Armando Monteiro sem aquela barba bicolor?! Os palanques ficariam irreconhecíveis. Ficariam todos com a cara do Coronel Eduardo.

Nestas reflexões serranas, não poderia terminar sem dizer que não faço política com doença, com dizem, tentou fazer o Alexandre Garcia com a doença da Dilma. A doença é sempre uma miséria humana e que deveria ser proibida. Deveríamos morrer sempre com muita saúde. E é isto que eu desejo para Lula, com todo respeito que merece uma pessoa humana com o seu mal. Que o apedeuta fique logo bom, e que volte logo para eu falar mal dele, com saúde, é o que eu desejo de coração.

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P.S: Não consegui publicar isto lá da serra. Também não quis modificar aqui na minha volta, onde me sinto outra vez com vida na internet.

LP

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