quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Agosto e o Suicídio Político




  
Grande parte da vezes, nossa inspiração para escrever vem de acontecimentos repetitivos, mas marcantes a cada hora que eles nos chegam. Aniversários, festas cívicas, notícias de corrupção no governo, enchentes no Recife, dias santos importantes, e também feriados importantes.

Por exemplo, está próximo o dia 7 de setembro, dia em que o Etiene, vai a Bom Conselho, e me desafiou para um duelo, e pelo seu nível de civilização eu penso que seria com palavras, sobre se ele teria sido contra ou a favor do Sr. Ccsta, quanto à questão do anonimato, da qual ele até agora só escreveu obviedades jurídicas, e agora, lendo o Dr. Renato Curvelo, eu diria que erradas. Este dia, poderia ser um motivo para inspiração, e talvez até seja, se quando ele chegar eu ficar me lembrando, quando cruzávamos Bom Conselho galhardamente, desde o pátio do Ginásio São Geraldo, até a frente da Prefeitura.

Infelizmente, hoje a minha inspiração é outra. Hoje é 31 de agosto, último dia dos mais aziagos dos meses na história. Nele tivemos, desde a matança de São Bartolomeu, até a morte de vários políticos brasileiros, que escolheram este dia, ou foram escolhidos por Deus, para partirem desta para uma melhor.

O que logo nos vem à mente é o suicídio do Getúlio Vargas. Muito se tem escrito sobre isto, e, ao contrário dos americanos, não desenvolvemos uma teoria conspiratória nos moldes de: “Quem matou Getúlio?”. Será que nos falta imaginação? O Jô Soares andou escrevendo sobre o episódio tempos atrás. Mas, como ele é humorista ninguém deu atenção, como se humor não fosse uma coisa séria.

Como estou alegre por agosto está acabando e não ter morrido nenhum “politicão” neste ano, eu posso abrir meu saco de jocosidades para dar asas à imaginação. Eu ainda penso que o Getúlio não se suicidou. Ele foi suicidado. Isto foi feito com tanto cuidado que até hoje ninguém suspeitou de nada. Basta ver o local do tiro e verificar a precisão dele. No centro do coração. Dizem que o Getúlio, em todas as revoluções de que participou, não disparou nenhum tiro, porque nos treinamentos de tiro ele matou um soldado quando tentava acertar o alvo. Como ele, naquele momento poderia ter um acerto daqueles?

Tem mais e muito. Como um homem, com seu tino político e amor pelo Brasil, poderia usar o expediente do suicídio para garantir que estava fazendo aquilo pelo bem do povo. Não pode ser. Eu acredito mais no Lula, que ao deixar o poder, forçado pelas circunstâncias democráticas, ao invés de se suicidar foi ficar rico dando palestras. Não concluam que não se fazem mais presidentes como antigamente, pois ele ainda está vivo e ainda tem muitos agostos pela frente. Nunca é tarde para ser um Getúlio.

De uma coisa podemos estar certos. Não se usa mais o suicídio como recurso político, tenha Getúlio se suicidado ou não. Hoje, as pessoas se suicidam politicamente, assaltando os cofres públicos e outros dizendo que não sabiam, ou os inocentando.

Vejam o que ocorreu ontem na Câmara dos Deputados. Uma jovem senhora recebeu uma propina, um jabá, um por fora, tempos atrás e alega que, por não ser uma deputada, na época, isto seria normal. Depois de passar numa catedral de Brasília e se confessar, acreditou, com o cumprimento da penitência, que foi de quatro pai-nossos e dez ave-marias, que não havia mais culpa nenhuma em cima dela. Candidatou-se a deputada e venceu. Que crime há nisso? Roubou, o padre e o povo perdoaram. Como poderia ela ser condenada, por um crime que fez muito antes de ser eleita?

Criou-se então a moral datada. Erros do passado, como os crimes nos Códigos, prescrevem. Ou seja, alguém pode sempre se arrepender ou pagar por eles e ficarem quites com a sociedade. O problema disto tudo é fixar a data. Eu quando era menina lá em Bom Conselho, vivia suspirando quando o Leninho passava, sabendo que ele tinha namorada. Será que hoje ainda devo ser punida por isso? Os deputados que absolveram a Jaqueline Roriz, diriam que não, pois hoje eu só suspiro por meu velho.

Quando se trata de política, a grande questão que se coloca, além da data, é quem deve perdoar, e como representantes do povo, que foi o mais atingido, jamais eles poderiam ter absolvido a moça.

Ainda bem que este gesto de boa vontade foi cometido por suas excelências em agosto, o mês do suicídio, político. Se dependesse de mim, nas próximas eleições todos eles seriam enterrados, e com pouca semelhança com o Getúlio, que saiu da vida, para entrar na História. Suas excelências devem sair para lata do lixo.

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